Escola Secundária de Seomara da Costa Primo

O futuro é AQUI! Aposta na tua escola!

Wednesday, November 10, 2010

Dia da Escola.

Seomara Butuller da Costa Primo, nasceu em 1895, no dia 10 de Novembro, na freguesia do Socorro, em Lisboa, filha de Maria Luísa Butuller e de Manuel da Costa Primo.

O dia 10 de Novembro é o "Dia da Escola" e celebra o nascimento da nossa Patrona. Por essa razão, realizam-se hoje diversas actividades.
Informa-te e participa nas actividades.

Friday, September 24, 2010

Educação Sexual

Alunos do 12º Ano da nossa escola realizaram na Área Curricular não disciplinar de Área de Projecto um trabalho subordinado ao tema/problema "Gravidez Precoce", no ano lectivo 2007/2008.
Informei a Professora coordenadora do Projecto sobre a Educação Sexual deste trabalho realizado na nossa escola que considerou que o mesmo podia constituir um excelente suporte de apoio às aulas de Educação sexual na nossa escola.

Wednesday, September 15, 2010

Conhecer os Direitos e Deveres dos Alunos

Breve resumo da Lei 39/2010, de 2 de Setembro (última actualização do Estatuto do aluno), para conhecimento dos direitos e deveres dos alunos aí consagrados.

Saturday, September 4, 2010

Lei 39/2010 - 2ª alteração ao Estatuto do Aluno

Foi publicada no Diário da República, 1ª Série, nº 171, de 2 de Setembro de 2010, a segunda alteração ao Estatuto do Aluno do Ensino Básico e Secundário, aprovado pela Lei nº 30/2002, de 20 de Dezembro, e alterado pela Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro.
Breve resumo quanto aos princípios gerais, responsabilidade de pais e encarregados de educação e Direitos e Deveres de Cidadania.

Artigo 2º
[...]

O Estatuto prossegue os princípios gerais e organizativos do sistema educativo português, conforme se encontram estatuídos nos artigos 2.º e 3.º da Lei de Bases do Sistema Educativo, promovendo, em especial, a assiduidade, o mérito, a disciplina e a integração dos alunos na comunidade educativa e na escola, o cumprimento da escolaridade obrigatória, a sua formação cívica, o sucesso escolar e educativo e a efectiva aquisição de saberes e competências.

Artigo 5.º
[...]

1 — Os professores, enquanto principais responsáveis pela condução do processo de ensino e aprendizagem, devem promover medidas de carácter pedagógico que estimulem o harmonioso desenvolvimento da educação, em ambiente de ordem e disciplina, nas actividades na sala de aula e nas demais actividades da escola.

Artigo 6º - Responsabilidade dos pais e encarregados de educação.

[...]

k) Conhecer o estatuto do aluno, bem como o regulamento interno da escola e subscrever declaração anual de aceitação do mesmo e de compromisso activo quanto ao seu cumprimento integral.
3 — Os pais e encarregados de educação são responsáveis pelos deveres de assiduidade e disciplina dos seus filhos e educandos.

Artigo 7.º
[...]
1 — Os alunos são responsáveis, em termos adequados à sua idade e capacidade de discernimento, pelos direitos e deveres que lhe são conferidos pelo presente Estatuto, pelo regulamento interno da escola e demais legislação aplicável.
2 — A responsabilidade disciplinar dos alunos implica o respeito integral do presente Estatuto, do regulamento interno da escola, do património da mesma, dos demais alunos, funcionários e em especial dos professores.
3 — Os alunos não podem prejudicar o direito à educação dos restantes alunos.

Artigo 12.º
Direitos e deveres de cidadania

No desenvolvimento dos princípios do Estado de direito democrático e de uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da dignidade da pessoa humana, da democracia, do exercício responsável, da liberdade individual e da identidade nacional, o aluno tem o direito e o dever de conhecer e respeitar activamente os valores e os princípios fundamentais inscritos na Constituição da República Portuguesa, a Bandeira e o Hino, enquanto símbolos nacionais, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, enquanto matrizes de valores e princípios de afirmação da humanidade.

Friday, July 2, 2010

Projecto GO - Reunião na DGIDC.

No dia 29 de Junho de 2010, professores da Seomara que estiveram envolvidos na 1ª fase do Projecto GO, Mobilidade na Educação, participaram numa reunião que se realizou na Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, na Avenida 24 de Julho, nº 140, em Lisboa, onde apresentaram parte do trabalho desenvolvido e intervieram na análise e avaliação da 1ª fase do projecto.

No fim da apresentação da nossa escola o Professor Fernando Costa, da Universidade de Lisboa, coordenador do I Encontro Internacional TIC e Educação, convidou o professor Alfredo Garcia a participar no referido encontro que se realizará nos dias 19 e 20 de Novembro de 2010.

Saturday, June 19, 2010

Teatralização - Cuidado com a palavra PRECISO.

Alunos de uma turma EFA Secundário representaram a peça: "Cuidado com a palavra PRECISO", de autoria da Professora Dulce Marinho - Auditório, Pavilhão 4.

Friday, June 18, 2010

Isabel Allende conta histórias de amor...


Morreu José Saramago

José Saramago morreu hoje, aos 87 anos, na sua casa de Lanzarote.

José Saramago
Prémio Nobel da Literatura

José Saramago - Wikipédia

1º Ministro de Cabo Verde visita a Cova da Moura

O 1º Ministro de Cabo Verde, José Maria Pereira Neves, visitou a Cova da Moura e deixou a seguinte mensagem:
A melhor forma de ajudar Cabo Verde é serem bons cidadãos Portugueses, conhecerem e cumprirem os seus direitos e os seus deveres...
Veja a notícia da visita na TV Amadora.

Artistas de Rua - Chiado.

Artistas de rua, no Chiado, no dia 17 de Junho de 2010.


Saturday, June 12, 2010

Jovens em Movimento

Fotos da apresentação pública do trabalho de Área de Projecto, no dia 26 de Maio de 2010, no Auditório do Pavilhão 4.

...
Vídeos da apresentação no youtube.

Saturday, June 5, 2010

Rapazes em força - Desporto e Multiculturalidade

O grupo "Rapazes em Força" apresentou no dia 4 de Junho de 2010, no Auditório do Pavilhão 4, da nossa escola, o trabalho de Área de Projecto, do 12º ano, sob o tema: "Desporto e Multiculturalidade".
Podem ver alguns vídeos realizados durante a apresentação. No 4º vídeo desta lista de reprodução do youtube pode ver-se um percurso georeferenciado em que são apresentados alguns parques e jardins da Cidade da Amadora onde pode praticar-se desporto. No último vídeo (7) a Professora Mariana Cansado faz uma breve exposição sobre o trabalho realizado pelos alunos.

Thursday, June 3, 2010

RETRATO SOCIAL

Adriana Barros e Vanessa Martins, do grupo VAN, apresentaram publicamente o seu trabalho de Área de Projecto sob o tema "RETRATO SOCIAL", no dia 2 de Junho de 2010, pelas 11:45 horas, no Auditório do Pavilhão 4.

O cineasta Rui Simões participou na apresentação e fez um retrato social da Cova da Moura.

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Rui Simões: "A Ilha da Cova da Moura" - Trailer

Thursday, May 6, 2010

Monsaraz, Varanda do Alqueva

Visita de estudo a Monsaraz, à barragem do Alqueva e à Marina da Amieira, no dia 4 de Maio de 2010.

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Algumas fotografias da viagem:


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Mais Fotografias - Nuno Lopes

Monday, March 29, 2010

ANGOLA - RAINHA!

Angola Tu és Rainha
Teus olhos são de diamante,
Nas tuas veias corre petróleo,
Tua pele é ouro e prata,
Teu coração foi ferido por 30 anos de insensatez,
Teu ventre é sagrado pois nele tudo brota e dela sai uma nova riqueza a cada dia,
Um dia fui obrigada a trair-te pois aprendi a gostar da lusitana paixão,
Teu povo é o tal que com os pés faz história,
Angola Tu és Rainha.
Teus filhos um dia dos teus braços partiram para dar alma a outras nações (Brasil, cabo -verde, São Tomé e príncipe),
Teu Nome Tem Apenas 6 letras mas para mim tu és a maior a mais bela, não por teres petróleo e diamante mas sim porque o teu nome está cravado do meu peito,
Sem mais guerras nem ganância Quero um dia em teus braços dormir.

Adélia Pontes
30/05/2009

Wednesday, March 24, 2010

BOOKCROSSING


O Bookcrossing transforma o mundo numa Biblioteca Mundial gratuita.
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ADERE!!!
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Vamos criar uma Crossing Zone na Seomara!?
- Brevemente poderás "Libertar" os teus livros na Seomara!

Tuesday, March 23, 2010

O menino da sua mãe - Fernando Pessoa

Representação de alunos da turma 12º 1,

no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Poesia,

no dia 22 de Março de 2010.

Wednesday, March 17, 2010

Alunos da Seomara entrevistados pela Antena 1

A aluna Lénia David, da turma 3, do 12º ano, da nossa escola, responde a perguntas da jornalista da Antena 1, no dia da aprovação do Orçamento de Estado para 2010.

Thursday, February 25, 2010

Encontros com a História

De 15 a 19 de Março de 2010

BIBLIOTECA DA ESCOLA

Neste ano em que se reflecte sobre a República, quer ao nível do Ensino Básico, quer ao nível do Ensino Secundário, a presente Exposição vem relembrar o valor da Democracia e apelar para uma vivência activa da Cidadania na sociedade de hoje.
Neste sentido, na semana de 15 a 19 de Março de 2010, visite a Exposição sobre o tema “A Democracia Actual” na Biblioteca Escolar e assista a uma Palestra sobre o tema “Os Caminhos de Abril” por parte de um Capitão de Abril.


OBJECTIVOS

1. Motivar para uma participação consciente e cívica na Democracia Portuguesa Actual.

2. Fomentar o reconhecimento das Responsabilidades inerentes às Liberdades Pessoais em Democracia.

3. Descobrir os Direitos e Deveres fundamentais de um Cidadão num Estado Democrático Contemporâneo.

4. Apelar para uma nova prática de Cidadania Activa na sociedade de hoje.


PROGRAMA


A – Exposição “25 de Abril” do Museu da República e da Resistência de Lisboa.

B – Exposição de trabalhos, em Power Point, produzidos pelos alunos dos EFAS Secundário sobre o “25 de Abril de 1974”.

C – Exposição de trabalhos de alunos do Ensino Regular Básico e Secundário e dos EFAS Básico e Secundário subordinada ao tema “Imagens da Democracia”.

D – Palestra sobre “Os Caminhos de Abril” por um Capitão de Abril.

E – Amostra de livros, do espólio da Biblioteca Escolar, sobre o Tema, bem como de objectos relacionados com o 25 de Abril de 1974 (Jornais de época e Instrumentos de Tortura alusivos à PIDE)

F – Visionamento de Filme sobre a temática (Quinta-feira).


Professora Organizadora: Maria Manuela Bessa, com a colaboração dos docentes do Agrupamento 400, História, bem como dos formadores da Área de Competências-chave de Cidadania e Profissionalidade dos Cursos EFAS (Básico e Secundário) e vários outros docentes.

Monday, February 8, 2010



" O perfume de Hércules"

Quando acordei naquele dia,olhei pela janela e ví que chovia a cántaros,chovia como se Deus estivesse zangado com o mundo,e quisesse limpá-lo num esforço vão de purificá-lo com a agua das nuvens.
Levantei-me e espreguicei-me freneticamente,lembrando-me vagamente da noite anterior.
vinham-me à memória imagens de uma festa de máscaras,onde se encontrava pessoal com vestimentas,digamos que extravagantes que só eram usadas numa única altura do ano: O carnaval! Invadiu-me uma sensação estranha ao não conseguir distinguir o que realmente aconteceu e o que banalmente sonhei naquela noite.
Lembrei-me de estar a dançar com um rapaz, lembro-me de ter pensado mal o vi, que de longe parecia mais um bonitão pronto a engatar qualquer rabo-de-saia que lhe passasse pelas mãos. Como todo o mundo,tinha uma máscara dourada que lhe cobria a face,deixando-lhe a descoberto apenas os lábios,lábios esses que me deixaram com uma vontade selvagem de os beijar.
Os seus olhos eram da cor do mais doce mel,era alto e corpulento e como fato de carnaval, tinha escolhido ser Hércules ,posso dizer-vos que não lhe faltava nada,até me sentia ridicula no meu traje de bailarina de dança do ventre.
Sem querer,os seus olhos encontraram os meus,dirigiu-me um sorriso ameno e deu-me a mão.Estava realmente a puxar-me para dançar! Nem acreditava na minha sorte!
Dançamos,dançamos até não sentir-mos o dedo dos pés.Os nossos corpos estavam tão juntos,que poderia dizer-se que,naquele momento,eram um só! Sentia as suas mãos grandes e fortes nas minhas costas,sentia também a sua respiração no meu ouvido,sentia aquela fragancia no pescoço dele que me atordoava os sentidos.Ele cheirava a paixão,a desejo, a tentação. Céu! Cheirava a fruto proibido..
..Mas naquele momento,o meu momento, nada me faria parar de dançar e sonhar, pois tinha comigo o homem mais desejado daquela festa!
Não sei como cheguei à minha casa,muito menos à minha cama.Só sei que acordei e o céu chorava como se nunca mais fosse parar.
Não queria acreditar que tudo aquilo tinha sido um sonho,queria agarrar-me estupidamente àquela pequena esperança,mas nada me dava provas do contrário.
-Helena,vem tomar o pequeno almoço!! -Gritou a minha mãe - .vá,desce que o leite vai arrefecer! - ordenou -.
Ia a descer quando choquei com a com a minha mesinha de cabeceira,caíram-me os papeis todos e quando ía ajoelhar-me para recolher tudo,reparei em algo que cintilava ao longe no bolso do meu casaco..
...Aproximei-me,não fazia a minima ideia de que coisa brilhante tinha posto eu no bolso.
Quando tirei a mão do bolso,tinha entre os meus dedos, uma máscara dourada,meu Deus,e com o brilho dela veio a alegria e a esperança ao meu coração! Na parte de trás,estava um número de telefone..o número dele! Estava tão feliz pela minha sorte que levei a máscara de encontro aos lábios para a beijar,e de repente sentí aquele perfume; o mesmo perfume que me fez tremer as pernas nos braços dele, o mesmo perfume que me roubou os sentidos naquela noite,era o perfume dele!..
..Na minha mente sonhadora,só havia um nome a pairar no consciente! Encostei a minha face à janela,vendo a chuva cair,e disse baixinho,para mim mesma:
-Sim! É Amor Amor de Cacharel! -.

Para todos, um Feliz São Valentim!
Laura Camará

Sunday, February 7, 2010

Rosa Lobato de Farfia - Autobiografia

No dia 2 de Fevereiro de 2010, aos 77 anos, morre Rosa Lobato de Faria.

Rosa Lobato de Faria

A u t o b i o g r a f i a


Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas.

Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente mania de acreditar que isso era bom.
Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.

E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.

Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora.

Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.

Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves.
Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).

Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.

Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.

Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e me tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.

Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, e sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores. Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi.

Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante.

Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.
Encontramo-nos no meu próximo romance.

Wednesday, January 6, 2010

O Jogo do Anjo- Carlos Ruíz Zafón





A história contada nestas páginas tem como palco, a Barcelona enigmática dos anos XX,onde passamos a conhecer a turbulenta história de David Martín, um pobre rapaz que luta pela sua sobrevivência em ruas misteriosas e impregnadas de ódio e conspiração!

Mas o que distingue o nosso protagonista dos seus vizinhos, é a sua paixão pela leitura e pela escrita,tornando-se mais tarde,e com a ajuda de gente de grande intelectualidade,um escritor nato e cheio de talento! Nem tudo é um mar de rosas para David Martin,que sofre pelo desprezo da sociedade,pela morte prematura de seu pai e por um amor infinitamente impossível!

A narrativa do autor intensifica-se quando,numa fase triste e sem sentido da sua vida, o protagonista recebe a proposta de um editor misterioso para escrever um livro sem precedentes,a troco de uma soma elevada!
Escrito com uma precisão magistral, o autor de "A sombra do Vento" guia-nos,mais uma vez por becos e ruelas barcelonesas já familiares,como o Cemitério dos Livros Esquecidos,ou a famosa livraria do senhor Sempere.
É um livro deveras impressionante,que merece todas as críticas positivas possíveis..

...Mal começarem a vossa viagem pelas suas páginas,sentir-se-ão presos à sua magía!




“Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.

Carlos Ruiz Zafón in “O Jogo do Anjo”





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