Pequenas palavras para um grande homem

Ah! Fernando Pessoa. Homem de letras e de sensações.
Será possível admirar este poeta tanto como o faço eu neste preciso momento? Curioso é o facto de que em pleno século XXI, uma adolescente sinta tamanha admiração por um poeta (cuja estrela há muito deixou de brilhar, mas que palavras ainda perduram nas nossas memórias) enquanto que o resto da juventude se concentra em admirar os ídolos da nova geração! Chamar-me-ão louca? O que pensarão os meus colegas?
«Oh Laura, mas que disparate é este? deixa de lado esses sentimentalismos poéticos e 'bora lá sair à noite!»
Mas o que a Laura quer (o que eu quero) é conhecer aos poucos, esse grande poeta (que sem duvida foi um grande homem) através do seu legado, ou seja, dos seus poemas!
Como posso deixar de admirar a capacidade peculiar deste poeta, para criar do nada tantas personalidades que em tudo diferem à sua respectiva pessoa, como se de desconhecidos se tratassem? De todos os heterónimos que Fernando Pessoa criou, chamaram-me à atenção, Alberto Caeiro (conhecido como O "Mestre") e Álvaro de Campos, o meu preferido.
Ainda ontem, na aula de Português, estivemos a ler os textos de Caeiro, e enquanto lia versos como este que se segue:

«Não tenho ambições nem desejos/Ser poeta não é uma ambição minha/É a minha maneira de estar sozinho»

Perguntava-me como é que era possível alguém ser tão "assustadoramente simples"! Há uns dias considerava a minha pessoa, um ser simples, mas visto que no meu caminho encontrei-me com o Sr.Alberto Caeiro, devo reconsiderar urgentemente a definição desta palavra!
Já A.Campos, fascina-me pela sua espontaneidade, pela sua capacidade intelectual e pelo seu sensacionalismo. Talvez aparente (ou seja mesmo) um homem cansado da vida, de tudo e de todos, de facto foi o que interpretei no primeiro poema que li dele, se a memória não me engana intitulava-se "se te queres matar, mata-te", só o titulo faz com que queiramos virar a página, mas vá-se lá saber porquê, gostei muito deste poema (e isto dito por alguém que há uns dias atrás, não se interessava nem um bocadinho por poesia).
A verdade é que devo agradecer a Fernando Pessoa por esta pequena mudança em mim. Sou inteiramente consciente que nem um século de vida bastará para que todas as palavras de todos os portugueses sejam suficientemente capazes de expressar o que sentimos em relação a este grande poeta!

P.S.: Quando for grande, quero ser como Fernando Pessoa

Laura Camará